A CIÊNCIA DO RISCO

O termo risco e a utilização do seu conceito é milenar. A concepção moderna de risco tem origem no sistema de numeração indo-arábico que chegou ao Ocidente ha cerca de 800 anos. Porém, o conceito de risco ganhou corpo e se popularizou a partir da época do Renascimento. Nomes como Blaise, Pascal, Fermat, Cardano, Bernoulli, dentre outros, dedicaram energia na criação e no desenvolvimento da teoria das probabilidades, teoria esta que suporta a utilização do conceito de risco.

Tecnicamente, risco é uma função matemática que tem pelo menos duas variáveis importantes: a probabilidade de ocorrência de um evento e a consequência deste evento, caso ele ocorra.

 

Embora esta função possa assumir diferentes formas de expressão como por exemplo uma equação polinomial, ela é mais comumente expressa pelo produto da probabilidade de ocorrência de um evento pela sua consequência uma vez que ambas variáveis podem ser mensuradas.

A probabilidade na equação de risco sempre teve um significado duplo: um voltado para o futuro e o outro como interpretação do passado. No primeiro sentido, a probabilidade significa o grau de crença ou a opinião na visão não matemática de Girolamo Cardamo. O segundo sentido tem relação intrínseca com o desenvolvimento da teoria da probabilidade que traduz, em outras palavras, a ideia de quanta credibilidade podemos atribuir as evidências que utilizamos para prever o que pode ocorrer no futuro em termos probabilísticos.

O risco é uma grandeza quantitativa ou qualitativa.

O risco é uma grandeza quantitativa ou qualitativa.

Significa então que o risco é uma grandeza quantitativa ou qualitativa. Quando dizemos que o risco é alto, médio ou baixo estamos expressando esta grandeza de forma qualitativa. Quando expressamos o risco na forma numérica seja números relativos ou absolutos estamos utilizando uma outra régua para mensurá-lo, a régua quantitativa. É comum se utilizar uma escala numérica para valorar o risco e associar esta escala a atributos que conhecemos como classes de risco. Neste caso estamos utilizando uma técnica de valoração do risco que denominamos de semi- quantitativo por envolver uma avaliação quantitativa combinada com uma avaliação qualitativa. Esta forma de valoração e muito comum que conhecemos como matriz de risco, embora também existam matrizes de risco essencialmente qualitativas.

Uma curiosidade que surge no nosso pensamento é: Para que serve mensurar o risco? O exemplo das ações da frota inglesa na época das grandes viagens e das descobertas de continentes nos responde parcialmente esta pergunta. Naquela época, as viagens eram muito longas e chegavam a durar dezenas de meses. Nestas viagens a frota inglesa tinha por pratica acrescer de 20 a 40 pessoas na tripulação normal da embarcação pois eles sabiam por experiência que durante a viagem muitas pessoas morriam de febre, escoburto, peste e outras doenças comuns naquela época. Em outras palavras, o risco é um instrumento poderoso na tomada de decisão seja ela de nível estratégico, tático ou operacional. Decorre daí a necessidade de se mensurar apropriadamente o risco para ampliar a chance de se tomar a melhor decisão.

Certamente, podemos pensar no risco em diversas dimensões: risco do negócio, risco financeiro, risco político, risco social, risco de imagem e reputação, risco tributário, risco ambiental, risco ocupacional, dentre outros. Porem não importa a dimensão do risco. O conceito e as técnicas de mensuração serão sempre as mesmas e servem de fato para instrumentalizar o processo de tomada de decisão.

 

Autor: Reginaldo Pedreira Lapa

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