CONCEITOS BÁSICOS DO GERENCIAMENTO DE RISCOS

O gerenciamento de riscos é um processo cujas etapas são ilustradas na ISO 31.000, o qual é apresentado na figura a seguir:

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Processo de Gerenciamento de Riscos

Nesta representação do processo de gerenciamento de risco temos pelo menos três abordagens distintas e complementares em termos conceituais:

  • A avaliação de riscos que corresponde as etapas de entender as condições perigosas, identificar os eventos indesejados, analisar e valorar o risco e considerar os controles e barreiras;
  • A análise de risco que está sublinhada na figura e é parte da avaliação do risco que corresponde à aplicação de ferramentas específicas para caracterizar o risco (FEMEA, HAZOP, FTA, etc);
  • A valoração do risco que significa “colocar o risco na régua” e mensura-lo para que seja possível priorizar e selecionar aquilo que é relevante e/ou tolerável e,
  • O gerenciamento do risco que abrange todas as etapas mostradas na figura acima.

A etapa inicial da Avaliação do Risco é definida na figura como “Estabelecer o contexto e escopo” cujo significado pode ser entendido como “Planejar a avaliação do risco” antes de iniciar a sua avaliação.

As demais etapas do processo de gerenciamento de riscos pode ser assim caracterizada, com base na figura que representa este processo:

  • Comunicar e Consultar – a consulta representa o envolvimento das pessoas e consiste em compôr um grupo com conhecimento específico e diversificado capaz de auxiliar e contribuir na avaliação do risco. Já a comunicação refere-se ao ato posterior à avaliação do risco que significa informar as pessoas envolvidas sobre a avaliação e os controles pertinentes e necessários para mitigar o risco.
  • Tratar os riscos – esta etapa do processo significa utilizar o resultado da avaliação de maneira prática e objetiva na rotina, como por exemplo, inserir os resultados das avaliações nos procedimentos operacionais, criar procedimentos específicos para situações peculiares, prover meios de assegurar que os controles estejam disponíveis e cumpram seus propósitos, criar meios de informação coletiva sobre os cenários que merecem atenção e cuidado.
  • Monitorar e Revisar – quando se conduz uma avaliação de riscos estamos na realidade fazendo uma “fotografia” instantânea do cenário e das decorrências das interações das condições perigosas neste cenário. Considerando que a rotina é dinâmica e se altera no tempo, é fundamental manter esta fotografia atualizada. Costuma-se dizer que a avaliação de riscos precisa ser mantida “viva” que significa permanentemente atualizada. As fontes de atualização podem ser os incidentes, inspeções, mudanças de processo, de produto, de cenário, de modo que as alterações de cenário possam ser consideradas na avaliação e na sua atualização dinâmica.
Condição perigosa ou condição de perigo ou fonte de perigo.

Condição perigosa ou condição de perigo ou fonte de perigo.

Embora o conceito de risco seja aplicável a qualquer dimensão do negócio, (econômico-financeira, imagem e reputação, impactos sociais, impactos ambientais, segurança e saúde) vamos nos ater neste texto e na sua sequencia à abordagem ocupacional que envolve a saúde e a integridade de pessoas.

Para dar continuidade é fundamental que tenhamos uma linguagem comum na abordagem do gerenciamento de riscos com, por exemplo, entender os significados das etapas do processo como descrito acima. Além desses, precisamos conceituar os termos: condição perigosa, evento indesejado, controles, barreiras, principalmente.

O termo condição perigosa ou condição de perigo ou fonte de perigo como alguns preferem ou perigo como equivocadamente é utilizado no linguajar cotidiano dos profissionais de segurança é definida como “uma fonte de dano / lesão potencial’. Em outras palavras, é algo que pode causar lesão física ou dano à saúde das pessoas e, no sentido mais abrangente resultar num impacto ambiental, um impacto social / na comunidade, implicações jurídicas e regulatórias, perdas materiais / dano / interrupção de atividades ou danos a sua reputação. Alguns autores associam a condição perigosa à energia, considerando que na prática, o que causa o dano ou a lesão é a quantidade de energia envolvida e a forma como esta energia é liberada. Portanto, o dano ou a lesão é consequência da liberação de energia de forma descontrolada contida numa condição perigosa. A liberação descontrolada dessa energia é o que denomina-se de evento indesejado.

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Carga suspensa (condição perigosa).

Carga suspensa (condição perigosa).

Para exemplificar considere-se a energia potencial (energia) envolvida numa carga suspensa (condição perigosa) que pode de forma inesperada e sem controle, despencar (evento indesejado) e atingir pessoas causando lesões ou mesmo causando a morte, dependendo da quantidade de energia envolvida. Se esta energia é equivalente a algumas gramas, posicionada em pequena altura, a consequência pode ser menor, comparada a uma cargade toneladas suspensa e colocada a 3 metros de altura. Adicionalmente, se a energia é pequena e mesmo assim utilizamos um capacete (controle ou barreira) este pode ser capaz de absorver esta energia sem transferi-la para a pessoa atingida, podendo nem resultar em consequência significativa, dano ou lesão.

A tabela a seguir ilustra alguns exemplos de energia e condições perigosas associadas.

Relação energia e condição perigosa.

Relação energia e condição perigosa.

Para concluir a conceituação, é importante mencionar e conceituar os termos controles, defesas e barreiras, comumente denominados de Medidas de Controle.

Medidas de Controle são meios de mitigar o risco seja para prevenir a ocorrência do evento indesejado, seja para diminuir a sua consequência (o dano ou a lesão). No primeiro caso costuma-se denominar de medidas de prevenção e no segundo caso medidas de recuperação. As medidas de controle podem ser de diversas naturezas, desde EPI, tipicamente atuante na consequência e, portanto uma medida de proteção. Quando temos uma ação atuando como uma barreira física ou isolamento da energia do contato com as pessoas, estamos diante de uma medida de prevenção. Certamente que dependendo da natureza da medida de controle, independente ser de prevenção ou de proteção, a sua eficácia para prevenir ou proteger pode maior ou menor. Para qualificar esta eficácia, costuma-se adotar o que denominados de hierarquia de controle que é uma escala de naturezas de controle de acordo com a sua eficácia, ilustrada na figura a seguir.

Hierarquia de Controle

Hierarquia de Controle

Raciocinando em termos de energia pode-se dizer que:

  • Eliminar significa banir a energia do ambiente e da tarefa.
  • Substituir pode significar trocar de energia na execução do trabalho ou diminuir a quantidade de energia.
  • Engenharia constitui o grupo de controles que significa isolar a energia do contato com as pessoas.
  • Separação significa segregar no ambiente as pessoas das energias.
  • Administrativo é o grupo de controles com base em advertências,sinalização, competências, procedimentos, etc.
  • EPI é o grupo de equipamentos de proteção individual com característica típica de medida de proteção, atuando preferencialmente na consequência do evento indesejado.

Observe que na escala da hierarquia de controle eles são julgados mais efetivos à medida que ascendem ao topo da pirâmide. Isto porque à medida que ascendemos ao topo, a classe de medida de controle é cada vez menos dependente da ação e do comportamento humano e como sabemos que “errar” é humano, quanto mais dependente das pessoas mais frágil se torna o controle.

A figura a seguir ilustra a relação entre os diversos conceitos abordados no contexto da avaliação de riscos.

Elementos da Avaliação de Risco.

Elementos da Avaliação de Risco.

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