GERENCIAMENTO DE RISCOS

Este Blog trará uma série de artigos que tem o objetivo apresentar o gerenciamento de riscos como instrumento de tomada de decisão na condução do negócio, com foco na segurança, saúde e meio ambiente, sem no entanto, relevar as outras dimensões do negócio: impacto social, perda de ativos, perda financeira por interrupção de operações e danos à imagem e reputação.

Gerenciamento de Riscos

Gerenciamento de Riscos

A concepção moderna de risco tem suas raízes no sistema de numeração indo-arábico que alcançou o Ocidente há cerca de setecentos e oitenta anos. Segundo os historiadores, o estudo sistémico do risco começou no Renascimento. Em 1624, o cavaleiro de Meré, nobre francês que apreciava o jogo e a matemática, desafiou o matemático Blaise Pascal a decifrar um enigma: como dividir as apostas de um jogo de azar entre dois jogadores, que foi interrompido quando um deles estava vencendo. Pascal pediu ajuda a Pierre de Fermat, um brilhante matemático. Este desafio deu origem à teoria das probabilidades, o cerne da teoria do risco.

Pierre de Fermat, um brilhante matemático responsável pela origem da teoria das probabilidades, o cerne da teoria do risco.

Pierre de Fermat, um brilhante matemático responsável pela origem da teoria das probabilidades, o cerne da teoria do risco.

No mundo medieval e mesmo nas sociedades anteriores, as pessoas tomavam decisões, defendiam seus interesses e praticavam o comércio, mas sem uma compreensão das consequências de suas decisões.

Portanto, a noção moderna de risco emerge, no século dezessete no contexto dos jogos de azar. É incorporada, no século dezoito, no seguro marítimo e, no século dezenove, na economia. Mais recentemente, esta disciplina vem sendo cada vez mais utilizada na Segurança, na saúde, na área ambiental, no cenário político e de negócios, sempre associada ao processo de tomada de decisão.

Notadamente a evolução histórica do conceito de risco é associada ao lado negativo: ao dano, à perda e ao fracasso. No entanto, este conceito pode ser utilizado na perspectiva do sucesso, embora não seja uma prática comum. Possivelmente, esta abordagem esteja na origem etimológica da palavra.

A palavra risco deriva do termo latino “risicare” cujo significado é “ousar”. Significa que o risco é uma opção que aceitamos quando tomamos uma decisão. Assim, a consequência das nossas ações dependem do quanto ousamos ao decidirmos fazer algo.

Curiosamente, quando nos debruçamos nas técnicas de avaliação de risco enxergamos essa história, considerando que o risco está associado à probabilidade de insucesso ou sucesso. De fato, a probabilidade sempre teve duplo significado: um voltado para o futuro e o outro como interpretação do passado. Esta verdade está estampada na maioria dos critérios de analise de risco existentes quando avaliamos ou julgamos a probabilidade considerando os dados históricos e não mergulhamos na avaliação de fatores que possam nos indicar a probabilidade futura do fato ocorrer.

Há de se tecer méritos para as seguradoras que abriram caminho para o desenvolvimento dos conceitos de risco. Não é por acaso que grandes nomes se sobressaíram na história do gerenciamento de riscos, especialmente na prevenção de acidentes e perdas tais como . W. Heinrich e Frank Bird, ambos originados de seguradoras.

Até aqui entendemos que risco é uma grandeza, portanto possível de se colocar numa régua e medir, cuja medição depende de dois componentes; da probabilidade de ocorrência de um evento desejável ou indesejável em referência a insucesso e sucesso e da consequência potencial deste evento.

A probabilidade de jogarmos um dado não viciado e obtermos o número 2 é 1 em 6 ou 0,1666 ou 16,66%, pois o dado tem seis faces, numeradas de 1 a 6.

A probabilidade de jogarmos um dado não viciado e obtermos o número 2 é 1 em 6 ou 0,1666 ou 16,66%, pois o dado tem seis faces, numeradas de 1 a 6.

A probabilidade é teoricamente uma grandeza de natureza estatística. Normalmente a probabilidade é definida como o número de eventos favoráveis em relação ao número de eventos possíveis. Por exemplo, a probabilidade de jogarmos um dado não viciado e obtermos o número 2 é 1 em 6 ou 0,1666 ou 16,66%, pois o dado tem seis faces, numeradas de 1 a 6. A questão que se coloca é: como avaliar a probabilidade de ocorrência de uma fatalidade, de uma lesão que gere perda de tempo? Existem meios de estimar a probabilidade relativa dessas ocorrências.

É pertinente avaliar a probabilidade considerando o histórico de ocorrências ou isto é inadequado?

Algumas matrizes de risco utilizadas em segurança induzem a avaliação da probabilidade considerando a ocorrência de acidentes de modo que se um acidente ocorreu num determinado intervalo de tempo a probabilidade é majorada; isto é questionável pois o fato de ter ocorrido um determinado acidente no passado deveria diminuir a probabilidade de ocorrência no futuro, considerando que ele foi investigado, as causas foram determinadas e medidas foram adotadas para evitar a sua recorrência. Por outro lado, em se tratando de confiabilidade e algumas ferramentas de analise de risco focam em confiabilidade, isto é pertinente pois os números demonstram a “qualidade” do componente que falha e a sua frequência de defeito.

Quanto à consequência a abordagem é mais simples pois pode-se facilmente construir uma escala de valoração objetiva considerando o que pode acontecer. A questão conceitual na avaliação da consequência é o que estamos considerando consequência? A pior consequência mais provável ou a pior consequência possível? Dependendo da abordagem da consequência, os resultados da analise de risco podem ser diferentes. Por exemplo: qual a pior consequência possível de uma queda de mesmo nível? Possivelmente, bater a cabeça e morrer! E qual seria a pior consequência mais provável? Certamente uma luxação, um pequeno corte ou arranhão.

 

Autor: Reginaldo Pedreira Lapa

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